quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Fica até mais tarde. Se demora ao levantar, não tenha pressa. Toma aquele banho demorado e volta pra mim. Volta pra cama, volta pro meu abraço. Se aquece, me aquece. Não vê a poesia que se forma todas as vezes em que nos olhamos nos olhos? Deixa eu te acarinhar, deixa eu cantar aquela música que você gosta. Vamos contar as gotas de água que caem das nuvens. Fica, dorme aí. Esse é a minha casa. Esse é o seu lar.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Olhei os olhos dela de uma forma que nunca tinha olhado. Vi toda a sujeira que se escondeu naquele tom quase cinza que brincava brilhando nos olhos pequenos a minha frente, enquanto ouvir ela dizer tal frase: EU SOU ÍMPAR.
- Uma madrugada fria sem dormir.
Página em branco, arrepio na nuca, olho pesado e dedos soltos. Uma tarde ouvindo o silêncio rende em uma noite acordada ouvindo o barulho oco da chuva. A disposição da alma faz um ritmo forte que joga a calma ao longe. A perturbação é essência da poesia e da coesão de dor. Quem tem pressa não saboreia o doce, só o amargo.
domingo, 6 de novembro de 2011
A moça carregava nas costas poucos anos de vida, mas sua alma era idosa, vivida, e tinha necessidade de dividir com o mundo seu vocabulário de indignações. Não podia, não estava certo, ela precisava impedir. Aí debruçava-se sobre a janela e, com o alto-falante, gritava suas verdades; o vento, então, levava para longe, desfazia-as e transformava-as em pó feito poeira atrás de mobília antiga. Seu corpo era pequeno demais para abrigar sentimentos e confusões tão extravagantes, então como cabia, como continha? Não continha, simplesmente transbordava, alagava, por isso deixava na pele da menina marcas de frustrações. A moça lia, anotava, metamorfoseava-se em aprendiz de poetisa, fechava os olhos e flutuava para além das dimensões. Mesmo tendo de viver numa sociedade penosa, ela sorria, criava suas metáforas, mantinha-se em paz consigo mesma e sorria com mais vontade. Aí respirava, encontrava forças, gritava um pouco mais alto, e quando todos empurravam para ela bengalas e cadeira de rodas, recusava, pois gostava de andar à sua forma engraçada e capenga.
As nuvens fizeram sombra na estrada e admiro a coragem de quem deita na calçada que reflete o sol e só.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
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